Rio Jordão: como está o rio onde Jesus foi batizado?

Rios têm grande importância na história da humanidade. Além da água, fornecem alimento e auxiliam no escoamento da produção.  “Do fornecimento de barro para o molde de potes de armazenamento até a irrigação de plantios, os rios são essenciais na evolução dessas sociedades”, explica a historiadora Marta Savi. Além disso, também são sagrados, garantidores da vida de todas as espécies. 

Um dos mais importantes do mundo e que você já deve ter ouvido falar é o Rio Jordão. Com mais de 360 quilômetros, demarca uma fronteira natural entre os países da Jordânia e Israel, nasce na Síria, passa pelo Líbano e desemboca no mar da Galileia. É, portanto, um dos rios mais importantes do Oriente Médio. 

O Rio Jordão nasce em Antilíbano (marcado em vermelho). Mais abaixo está a cidade de Yardenit, onde acontecem muitos batizados até os dias de hoje. Fonte: Google Maps

João fazia batizados no Rio Jordão e Jesus foi batizado nas suas águas. Moisés caminha pelo rio para levar seu povo à Terra Prometida. Um dos milagres de Jesus, que foi a cura do leproso de Naamã, aconteceu lá. 

“Como uma rara fonte de água, o rio Jordão é central para diversas religiões, como judeus, cristãos e muçulmanos, que consideram o rio sagrado até os dias atuais”. 

A Unesco declarou o Rio Jordão como um Patrimônio da Humanidade, com grande importância religiosa. Inclusive, destaca que foi nas águas dele que Jesus foi batizado e, por isso, é um espaço de fé cristã. 

Apesar de tanta importância histórica, religiosa e social, nos dias atuais o Rio Jordão sofre para se manter imponente. 

Uma história de resistência

A historiadora Marta Savi comenta que o Rio Jordão está sofrendo impactos de milênios. Isso porque para os povos que se organizaram ao redor, o solo árido não permitiu um desenvolvimento forte da agricultura, como aconteceu com os egípcios no Rio Nilo. A população do local precisou ser nômade até encontrar fortaleza em Canaã. 

Mais recentemente, na década de 60 do século passado, foi usado para a irrigação de terras por meio de desvios, aquedutos e barragens. Mais atualmente, a presença militar, a utilização do rio como canal coletor de esgoto e as constantes reduções do volume de água vêm se tornando um problema cada vez maior.

Agricultura usa água do Rio Jordão para produção de alimentos. 

“É preciso um esforço conjunto das autoridades de Israel, Jordânia, Síria e Palestina para que os recursos não sejam extintos e para que o rio seja preservado, mantendo sua importância histórica, religiosa e também cultural”, completa. 

Marta comenta que, comparado com o que era antigamente,  o Rio Jordão está completamente diferente. “Não tem toda a imponência do passado e surpreende turistas e peregrinos que se deparam com fiapos de água no lugar do majestoso rio que batizou Jesus”.

Peregrinações acontecem mesmo assim

Apesar de o rio estar muito menor do que era na época de Jesus, fiéis de todo o mundo ainda vão para o lugar todos os dias. Nas suas águas, ainda é possível se batizar. 

O ritual acontece em diferentes pontos, mas prioritariamente em piscinas batismais feitas para isso. O mais famoso deles é o de Yardenit (Israel). 

Em 2019, Padre Reginaldo renovou as Promessas do Batismo dos peregrinos nas águas sagradas do Rio Jordão.

Foto: Sérgio Murilo Almeida