Depressão infantil: é possível?

Depressão infantil: é possível?

Para algumas pessoas é impossível imaginar que crianças e adolescentes sofram com problemas relacionados à saúde mental, como a depressão. Entretanto, estudos recentes apontam que 25% das crianças de todo o mundo sofrem com depressão e 20% delas têm ansiedade. 

Casos de depressão infantil são observados desde o início do século XIX, quando Freud descreveu a doença como um sentimento relacionado à perda do objeto amado. 

De acordo com a psicóloga Giovana Bonini, essas práticas acontecem em diferentes momentos da vida de uma criança.

“Elas podem ser observadas na ausência física dos pais em eventos que são importantes para as crianças, quando não estão afetivamente disponíveis para elas, não conversam intimamente ou brincam”. 

Outro gatilho é esperar que a escola ensine valores básicos da vida, bem como  quando são quebrados vínculos dos deveres que deveriam ser realizados pelos pais. 

Após o período pandêmico que vivemos, a depressão infantil ficou mais evidente em nossa sociedade. Isso porque o distanciamento ou isolamento social e retomada do convívio trouxeram muitos desafios emocionais. Encarar a nova realidade, depois de tanto tempo sem interação, despertou gatilhos emocionais. Por isso mesmo, é fundamental que pais e responsáveis estejam sempre atentos aos sinais. 

Doença genética?

Conforme explica a psicóloga Giovana, a depressão infantil pode ser diagnosticada entre os 6 e 10 anos de idade. Embora existam pesquisas (como a da Universidade de Columbia, publicada no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry) que apontem uma relação entre a genética e a depressão, não é uma unanimidade. 

“É importante salientar que os mecanismos cerebrais por trás desse risco familiar ainda são incertos. A predominância de sintomas característicos da depressão podem mudar com a idade pela maturação cerebral da criança”, explica a psicóloga.

Em outras palavras, crianças com diferentes padrões genéticos e formas de criação podem desenvolver depressão

Quais são os sintomas?

A depressão infantil, assim como a que acomete os adultos, se manifesta com sintomas que podem ser observados pelas pessoas que convivem com quem está doente. De acordo com a psicóloga Giovana Bonini, alguns sintomas são:

  • Humor deprimido ou irritável em grande parte do dia;
  • Grande diminuição de interesse ou prazer na maioria das atividades ;
  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta;
  • Insônia ou sonolência excessiva quase diária;
  • Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias;
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada, podendo inclusive ser delirantes quase todos os dias;
  • Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa);
  • Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

Mas a especialista alerta: “O indivíduo deve ter pelo menos cinco desses sintomas por pelo menos duas semanas, representando uma mudança quanto ao “agir” anterior do seu comportamento para ser diagnosticado com depressão”.

Perceba os sinais

Os pais precisam estar sempre atentos aos hábitos e atividades de seus filhos. O convívio familiar é preciso porque, como aponta a psicóloga, está cada vez mais comum que os pais passem menos tempo com seus filhos. 

“Com a necessidade de ambos irem para o mercado de trabalho, são raros os momentos em que os pais têm de dedicar-se às crianças.  No entanto, eles precisam estar alinhados com essas informações sobre como proceder de maneira responsável quando envolve a saúde delas”, reforça.

O que fazer quando perceber os sinais?

Procurar ajuda profissional imediatamente ao perceber os sinais é fundamental. Nenhum familiar sem conhecimento será capaz de diagnosticar a depressão por “olhar” ou “achismos”. 

A depressão infantil é séria e precisa de acompanhamento contínuo, especializado e paciente. Essa ajuda já no início dos sintomas faz toda a diferença na vida da criança. 

A psicóloga alerta para esse acompanhamento, afinal os sintomas também podem indicar outras doenças. “Assim, recomenda-se o processo da psicoterapia familiar. A terapia medicamentosa pode ser inserida por um psiquiatra infantil”. 

 

“Meu filho está com depressão. E agora?”

A depressão tem tratamento e é fundamental que seja acompanhada de perto por toda a família. “Um contexto familiar em que há relações saudáveis entre seus membros, caracterizadas pelo suporte e pelo apoio afetivo, é importante na prevenção e recuperação de uma criança com depressão. Nesse sentido, a família assume um papel de proteção”, explica a psicóloga. 

Mudar algumas rotinas familiares é uma dica valiosa para ajudar seu filho com depressão. Para isso, hábitos saudáveis (alimentação equilibrada e prática de exercícios) podem trazer alívio dos sintomas depressivos e estimular o bom convívio familiar.  A criança também pode (e deve) participar de atividades que incentivem o relaxamento e o manejo de estresse. 

Construir uma rede de apoio faz a diferença. Contar com a comunidade, Igreja, fé, escola, parentes e amigos ajuda a fortalecer os laços e melhorar a saúde mental de toda a família

Lembre-se sempre: depressão não é brincadeira e a pessoa que está passando por isso também está sofrendo. Se você perceber algum dos sintomas em qualquer indivíduo, ajude-o a procurar ajuda especializada, nunca métodos milagrosos e sem efetividade. 

 

Procure ajuda sempre!

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Comentários

  • Claudiene Aparecida Alves
    Gostei muito. Assunto de extrema importância, principalmente agora depois de uma pandemia, nossos pequenos precisam muito dos nossos cuidados
  • Maicon Sapatini
    Muito bom
  • Jaqueline
    Otimo
  • Eliana
    Muito bom o esclarecimento, é uma grande ajuda!!! Obrigada!!!
  • Eliana
    Muito bom o esclarecimento, é uma grande ajuda!!!
  • Angela Camargo
    Importantíssimas explicações sobre esse turbilhão de sentimentos q uma criança com depressão pode ter. Parabéns a profissional Giovana Bonini por nos trazer tanta informação

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